O assunto das brechas na Bíblia, e sua raiz
Já lhe ocorreu investigar este assunto? Você já imaginou que ele tem uma única raiz, ou várias? O que você entende por brechas facilitadas ao Maligno? Pecados? Escorregadas?
Acontece-me que aprendo muitas coisas espirituais, quase sem parar, porque sou um eterno examinador e acusador de mim mesmo, que sem ser um perfeccionista -o que supõe uma busca moralista- procuro cumprir Mateus 5. 48 no qual Jesus diz: “Sede, pois, perfeitos, como o vosso Pai que está nos céus é perfeito”.
Na minha percepção espiritual das brechas, eu as defino assim: REEDITAR O PASSADO. É por isso que esta palavra de Jesus leva a nós humanos, apesar das nossas limitações, a nos ver como filhos de Deus, que NÃO TEM PASSADO.
Você sabe que, ao renascer, recebeu a vida divina; você sabe que agora é inquestionavelmente uma nova pessoa, embora ainda precise crescer; que você tem o DNA de Deus, sua natureza que você recebeu, por crer no Filho, no Pai e também no Espírito Santo, e que o fruto do Espírito habita em você, e os atributos comunicáveis da divindade foram livremente transferidos para você, mas sabia você que também recebeu a essência de não ter passado? Jesus chama essa essência de perfeição.
O Novo Testamento usa o verbo escolher muitas vezes para definir o que fomos, somos e ainda seremos [Romanos 8. 29-30] escolhidos, não dentro de nossa humanidade limitada, mas na essência de um Deus eterno que não tem passado. Porque ele não tem passado; não vem de lugar nenhum; não aparece como aprimorado para os humanos; ele sempre foi, é e será Deus. Portanto, Ele é perfeito. Nesta passagem, Deus nos chamou, nos justificou e nos glorificou.
Deus estava no passado de nosso tempo; isto é, antes que o tempo existisse, na eternidade passada, como uma trindade, estabelecendo uma lista de chamados, justificados e glorificados. Antes de nascermos, já fomos chamados a Deus, justificados e feitos gloriosos. E não apenas antes de nosso novo nascimento; senão também antes mesmo que o próprio Deus se encarnasse e se fizesse Filho. Dois versos que dizem tudo isso e muito mais. Em outras palavras, antes do antes, já somos perfeitos, se acreditarmos na Divina Trindade e no Filho; agora devemos apenas SER, unidos com o Espírito Santo, em sua obra de nos levar sem parar para a glorificação. Não devemos reeditar o passado, mas editar um futuro melhor com ele.
Nossa garantia está no verbo escolher. Ele nos escolheu, ponto final. Embora seja verdade que já escrevi várias vezes que o Arminianismo está muito mais fora da Bíblia do que o Calvinismo, não deixo de manifestar em mim uma grande inquietação com a criação de um grande labirinto filosófico criado pelos calvinistas para explicar a escolha e a Fé cristã. Eles complicam tanto, com argumentos extra-bíblicos, que a convicção de uma salvação segura e eterna a mancham com buracos e remendos. Eles fazem um novo jeans da fé cristã, todo surrado, com vazamentos e partes desbotadas como fazem com o jean de tecido hoje. À primeira vista, diz-se ao balconista: esse aí, eu quero! Mas, quando o desdobramos, descobrimos que ele está mais baleado do que um soldado argentino em nossas Malvinas.
Bem. Isto é brecha. Efésios 4. 26-29 é o texto básico para expandir o conceito das brechas. Vamos ler: “Irai-vos, mas não pequeis: Não deixes que o sol se ponha sobre a sua ira; não dê LUGAR AO DIABO. Quem roubava, não roube mais; antes, trabalhe, e faça com as mãos o que é bom, para ter o que compartilhar com quem precisa. Não deixem nenhuma palavra corrupta sair de sua boca; mas o que é bom e serve para edificação, para que dê graça aos ouvintes ”.
Aqui, IRA, eu gostaria de definir como "INSATISFAÇÃO GERAL". O que é deixado imperturbado ao nosso redor quando estamos com raiva? Nada e ninguém! Isso se mostra até mesmo quando subimos ao púlpito e pregamos. Mesmo neste caso, e diante de irmãos que nada têm a ver com o momento de insatisfação geral que temos vivido, mas mesmo que não torçamos a Palavra, no mínimo vamos utilizá-la conectando-a com o fato que gerou raiva em nós. O que devemos fazer com a insatisfação é transformá-la em satisfação trabalhando de forma positiva.
A Pirâmide de Maslow, que é essencial na psicologia e outras ciências, tem 100% de referência bíblica concomitante, e Deus me deu a graça de ver as pessoas desde este ângulo.
Quando não satisfazemos suficientemente nossas necessidades humanas básicas aqui nomeadas de baixo para cima, ou pulamos uma das etapas para nossa completa satisfação da pessoa humana que somos, primeiro com o corpo; depois alma e finalmente espírito, viveremos nossas vidas inteiras insatisfeitos, e a insatisfação nos leva a EDITAR O PASSADO, a única raiz das brechas.
Muitas vezes escrevi sobre que o Pastor Benigno Ferreira, sempre que me via, dizia às igrejas por onde passávamos que "Tito não teve infância", e acrescentava: "enquanto os meninos da igreja se reuniam para jogar bola, ou correr , Tito estava sentado ali perto, com a Bíblia e um caderno e lápis, estudando-a”. O quão boa aquela realidade era para mim tornou-se desprezível quando percebi que a falta de infância me tornava deficiente em algumas coisas essenciais para a vida. E ainda há adultos sádicos e cínicos que querem forçar as crianças a trabalhar quando nem a jovens ainda chegaram.
Que passado costumamos reeditar? Resposta: Os imperfeitos. Aqueles de nós que não concluíram o processo, por exemplo: A pessoa não aproveita o período de apaixonar-se de forma saudável; não aproveita a fase de namoro completamente; Não teve tempo para brincar quando criança ou adolescente, nem para cometer erros e até mesmo delinquir, se necessário; não podia ir à escola, ou estava atrasado, ou repetia muitas vezes; ela falhou em todos ou em vários de seus empreendimentos porque faltou um pai, um amigo que o guiasse bem; ela não tinha um pastor genuíno e permanente [talvez tivesse, mas vários e diferentes]; a pessoa se sacrifica por não se casar tendo o dom do casamento, por amor e cuidado alheio, ou por excessiva devoção à profissão.
Isso tende a acontecer muito entre quem se torna artista, e depois, com todo um passado de muitas etapas e diversos caminhos, nenhum concluído, ou apenas um ou poucos, faltando os essenciais, REEDITA-OS fora do tempo ou como vícios compensatórios, ou seja, abre brechas para o Diabo, que é mau e não respeita as pessoas, e só busca o espaço ou a brecha por onde entrar em nossas insatisfações.
Aquelas pessoas que passaram por todas as etapas da pirâmide, não geram mais brechas, então, acostumadas a ser parceiras do Diabo, e sendo-lhe ainda muito difícil deixar de sê-lo na vida cristã, tendem a continuar negociando com ele "médio a médio". Sua transformação e crescimento para a perfeição são mais difíceis, enquanto para aqueles que sofreram a ausência de um dos degraus ou o salto por cima, ou foram forçados ou eles mesmos se privaram e negaram sua própria satisfação, a persistência do Diabo em maltratá-los e em fazê-los cair é maior, e não só que nos faz sofrer ao nos embaraçar, deprimir e frustrar, como também aproveitamos para amadurecer e adquirir sabedoria, graça, poder, e como adorar e servir a Deus com maior excelência. Ambos podem e devem atingir a perfeição, onde o passado não conta mais em nós, mas o itinerário percorrido por cada um, dependerá do fator "satisfação das necessidades humanas básicas", e para isso, a Bíblia pode servir de desculpa ou engano, ou de manual para nos ensinar de veras derrotar o Diabo.
O Diabo estava espionando Jesus e, quando o viu com fome e com sede, fisicamente fraco e provavelmente com o rosto em lágrimas, aproximou-se dele e o tentou. Sua tentação foi de três maneiras: 1) sustento; 2) segurança; 3) adoração e serviço. Jesus respondeu a este tratamento errado do Diabo para com Ele, com três reações radicais: 1) Vá ler a Bíblia; Se você tivesse lido, não estaria fazendo palhaçada! 2) Sobre segurança, também está na Bíblia. Portanto, não tente a Deus! 3) Vá embora, Satanás! Você não sabe nada sobre a Bíblia. Isso também está escrito: Ao Senhor seu Deus você deve adorar, e só a Ele servir! O Diabo então o deixou; e eis que os anjos vieram e serviram a Jesus.
Por que o diabo persegue certas pessoas injustamente acusadas sem parar? E por que os anjos não os ajudam? A resposta é: 1) Eles não fecharam as brechas, ou; 2) Eles não conhecem e não usam a Bíblia, a Palavra de Deus.
Quando não nos debruçamos na Bíblia, caímos em uma dessas tentações, sem pecar, mas permitindo que o Diabo nos leve ao pecado. Nenhuma das buscas humanas básicas de satisfação da Pirâmide de Maslow é pecaminosa. São coisas boas e “direitos humanos” que nos privam ou de que nos privamos, e que tem um custo de que o Diabo se aproveita para tentar nos enganar com a sua provisão.
Na tentação do sustento, temos os assuntos do dinheiro, o trabalho, os estudos, a profissão ou comércio, o carro, a casa, a namorada, o casamento, o matrimônio, a família, os cinco sentidos e o sexo. Aqui, deve haver uma satisfação perfeita e completa dessas necessidades biológicas básicas, o primeiro degrau da pirâmide.
Na tentação das inseguranças, todos os "departamentos" mencionados no ponto anterior, caem sob a aflição, a ansiedade, as preocupações, as reedições erradas e os vícios, e apontam para a insatisfação no segundo degrau da pirâmide, e compartilha a terceira, com a próxima tentação.
Na tentação de fama, popularidade, riqueza, poder, podemos facilmente cair em buscas frenéticas e desesperadas por prosperidade, posição, cargos, ser alguém notado, ou marcar algo nosso na família, igreja, sociedade etc. A insatisfação aqui corresponde aos dois últimos degraus da pirâmide, mas também o que ela compartilha com a insatisfação da alma humana.
Esta reflexão é motivada pelo fato de que hoje descobri brechas de insatisfação no primeiro degrau da pirâmide na minha própria vida. A religião costuma ser a criadora de monstros sexuais, de deprimidos e abandonados, quando o sujeito não aprende adequadamente a fechar as brechas de sua vida.
A grande diferença entre pecado e brecha, está em que arrependendo-nos e confessando o pecado, sentimos paz de imediato, e até alegria, e o peso de sobre nossas costas cai, e o Diabo é derrotado definitivamente. Enquanto que no caso das brechas, ele insiste nos cirandando, porque conheceu nossa carência ou debilidade, quando lhe temos dado licença, e voltará por muitas vezes, e até anos, para ver se voltamos a abri-las. Precisaremos uma toma de posição absolutamente forte e determinante, com a ajuda do Espírito Santo. Exemplo: um ato de adultério, mesmo que a terceira pessoa no caso oculte a vida toda, o Diabo sabe dele e poderá nos assediar com acusações falsas e multiplicadas, e com calúnias, e enquanto não fecharmos as brechas, isto que nos acontece não pode ser tido por perseguição, senão consequências.
Dr. Tito Berry


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